Você já ouviu falar na “teoria da cadeira”? Trata-se de uma metáfora para a empatia, que simboliza o lugar que representamos na vida dos outros, seja no trabalho, com a família ou em relacionamentos amorosos. A “cadeira” representa uma disponibilidade para com o outro que não precisa ser solicitada ou justificada. Esse pressuposto parece simples, mas nos convida a compreender como as dinâmicas afetivas são construídas e os sinais de uma relação saudável - ou não.
A neuropsicóloga e psicoterapeuta Martina Schieda define a teoria como um espaço emocional personalizado. A cadeira representa um lugar seguro onde a pessoa pode se sentir amada, valorizada e apoiada. Quando esse espaço não existe ou só aparece sob demanda, é sinal de uma relação tóxica.
"Em termos psicológicos, essa experiência está relacionada à percepção do valor pessoal, ao estabelecimento de limites e à qualidade do vínculo", afirma a especialista, em depoimento publicado pelo portal Ok Diário.
A reciprocidade e a disponibilidade emocional são pilares fundamentais para manter relacionamentos equilibrados e positivos. É esse equilíbrio que transforma a relação em uma troca afetiva e a ajuda a se manter em constante crescimento e evolução.
Segundo a professora Isabel Forcén, na teoria da cadeira, aqueles que realmente te valorizam "puxam uma cadeira para você assim que você aparece". Isso representa atenção e cuidado genuínos. Do contrário, a atitude comunica que a pessoa te ignora ou até te força a provar seu valor.
"A presença de uma cadeira, ou sua ausência, funciona como uma bússola que indica o nível de respeito, importância e disponibilidade emocional da outra pessoa", diz a professora.
A teoria também ajuda a destrinchar nossa autoestima e o que pensamos de nós mesmos. Afinal, a maneira como os outros nos tratam é reflexo de como interpretamos nosso próprio valor e importância.
Schieda conta, ao Ok Diário, que muitas pessoas vivem relacionamentos onde precisam “se encaixar”. "Esse padrão costuma aparecer em pessoas que têm dificuldade em estabelecer limites ou que têm um histórico de relacionamentos inseguros. A teoria da cadeira, portanto, serve como um lembrete de que se pressionar constantemente é um sinal de alerta.”
Alguns sinais comuns são sentir que sempre temos que justificar nossas necessidades, que nosso lugar depende do nosso desempenho emocional ou que nossa presença parece um incômodo. A falta de reciprocidade constante é um dos indicadores mais claros de relacionamentos emocionalmente disfuncionais.
A teoria da cadeira também se mostra como uma alerta para procurar lugares onde nos sintamos valorizados e acolhidos. É importante estar rodeado de pessoas que nos aceitam naturalmente. Muitas vezes, perdemos oportunidades de nos conectarmos com quem nos acolheria porque estamos tentando nos encaixar em outros lugares. Portanto, lembrar que "seu lugar existe" é um ato de autocuidado e confiança em seu próprio valor.
Um relacionamento saudável não exige competição, que você prove seu valor ou se diminua, mas, sim, que você seja quem é naturalmente, sem máscaras. Internalizar essa ideia ajuda a superar relações tóxicas e buscar uma nova realidade com reciprocidade, ternura e cuidado mútuo.
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